A
CULTURA HUMANA DA COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO NO AMBIENTE DAS TECNOLOGIAS E DA
INFORMATIZAÇÃO
RESUMO:
Fruto de
leituras, interpretações e discussões, ou seja, reflexões teóricas acerca das
novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) presentes no ambiente
educacional contemporâneo e nas relações sociais, este trabalho objetiva expor
apreensões e apropriações acerca do uso das tecnologias entremeadas pelo uso da
internet no dia-a-dia das pessoas. Discorre sobre a construção de coletivos que
produzem inteligências recíprocas por meio do espaço virtual de interação
social do saber. Aborda a questão da informatização como uma realidade ao ser
humano e a transformação das necessidades diversas do sujeito do conhecimento
através da cultura da informação e comunicação.
PALAVRAS-CHAVES: Tecnologias.
Educação. Informação. Comunicação. Conhecimento.
1.0 Introdução
Vivemos
em um contexto social, cultural e econômico onde a informação e a comunicação
são no mínimo necessárias nas relações e atividades desenvolvidas pelo homem e pela
mulher. Os enormes fluxos de conhecimentos presentes nas atividades humana se dão
por meio de mecanismos diversos que o homem e a mulher construíram ao longo de
sua história. Mecanismos que por sua vez, mobilizam grande variedade de
competências a partir de inovações e ressignificações. Tais competências,
seguindo o fluxo natural da ação humana, desenvolvem, inclusive, novos
mecanismos de comunicação e novas capacidades de interação e desenvolvimento social
e econômico.
Como
consequência, são estabelecidos novos paradigmas culturais relacionados à
comunicação e interação humana nos diversos âmbitos da vida. A discussão acerca
das novas tecnologias de informação e comunicação se tornou corriqueira nos
meandros educacionais que sempre teve grande influência das tecnologias. O
presente trabalho, por exemplo, nasceu de reflexões teóricas acerca das
tecnologias e sua influencia nas relações sociais, na cultura e na educação.
O
uso da informática se insere na construção do conhecimento como fator determinante
e possibilitador de novas atitudes e inovações. Convivemos atualmente com
ambientes virtuais de informação e comunicação decisivos perante as exigências
de resoluções de situações problemas em um tempo cada vez mais curto. O tempo
virou objeto precioso para o novo homem e a nova mulher da contemporaneidade.
A
capacidade mínima para navegar no ciberespaço se adquirirá provavelmente em
tempo muito menor que o necessário para aprender a ler e, como a alfabetização,
será associada a muitos outros benefícios sociais, econômicos e culturais além
do acesso à cidadania (LÈVY, 2007, p.63).
Nesse
contexto, as crianças já nascem inseridas no ambiente virtual, regido pela tecnologia
da digitalização e informatização. São “assistidas” mesmo dentro do útero
materno por meio da tecnologia da ultra-sonografia que tem aperfeiçoado a cada
dia. Durante toda a vida somos apresentados às inovações e nos aliamos a essas
novidades atendendo às exigências sejam elas de caráter social, econômico e/ou
cultural.
E
assim, ao longo das nossas atividades e experiências nos adaptamos as mudanças
e inovações com tamanha facilidade que nos tornamos cooparticipadores das
transformações. Colaboramos com a torrencial evolução do uso da informação e da
interatividade por meio das novas tecnologias da informação e comunicação. Tornamos
colaboradores de uma cultura informacional no ambiente virtual da internet.
Mesmo
quem não nasceu no contato direto com as tecnologias de informação e comunicação,
ou seja, em ambientes cuja presença tecnológica não se fez com tamanha influência,
tomou para si o universo permeado pelas as mesmas. Foi inevitável sua inserção
nos novos ambientes devido, inclusive, uma necessidade sociocultural baseada no
sentido de pertencimento a um grupo social e a necessidade de desenvolvimento e
inovação que é latente ao ser humano.
Somos
regidos e regentes de um sistema tecnológico de informação e comunicação que por
ser tão necessário tornou-se intrínseco às nossas atividades, desde as mais
simples como utilizar um telefone para nos comunicar a longa distância, até as
mais complexas, como por exemplo, criar ambientes de compartilhamento de conhecimentos
acessíveis a todos por meio de vias virtuais (videoconferências, blogs, chats, sites,
etc.) Os meios da informação são diversos.
Para
Moore, 2007 apud Gomes et al, 2011, p. 23:
Atualmente,
a literatura sobre a educação a distância é farta em modelos e tecnologias que
são utilizadas como meio pra a realização desta modalidade de ensino tanto por
instituições formais de ensino como por empresas, algumas delas: Telepresencial,
Redes Sociais, Webcast, Blog, Wiki, Podcast, Videoconferência e Mundo Virtual.
Essa
evolução tecnológica constitui-se em evolução humana sob a ordem veloz das
necessidades do homem e da mulher. A utilização de ferramentas e tecnologias para
a informação e comunicação mudou e muda, no mesmo passo das invenções da mente
humana, a vida do ser humano como um todo. Todas essas evoluções, mudanças e
aperfeiçoamentos tecnológicos são oriundos do advento da informática que
transformou a humanidade sob diversos aspectos e, nos leva a vislumbrar outras,
em curto e em longo prazo, pois tão quão diversas se fará as necessidades dos
sujeitos do conhecimento.
Para
Lévy (2007, p.14) “mesmo que não nos movêssemos, o mundo mudaria à nossa volta...
se o mundo mudar a nossa volta, então nós nos movemos”. Ou seja, a mudança é inevitável.
2.0 Informação, Comunicação e Educação: uma relação
necessária
As
tecnologias estão cada vez mais presentes na educação. Na atualidade o uso de
ferramentas tecnológicas tornou-se um instrumento a mais a serviço do professor
e da escola para o desenvolvimento do aprendizado dos alunos. O ensino não está
mais centrado nas aulas entre quatro paredes com um professor e um grupo de
alunos. O ensino a distância tem ganhado força, apesar das críticas que existem
a respeito da ineficácia dessa metodologia. Hoje um professor dar aulas para
diversos alunos em diferentes localidades através de sistemas de conexão on-line.
O conhecimento está à distância de um clique.
Docentes
e discentes utilizam da informática, dos ambientes virtuais e das tecnologias
para a transposição didática, para reduzirem distâncias e aumentar o fluir do
conhecimento entre ambos. Os meios são vários desde o e-mail, que revolucionou
a prática da correspondência, aos mais modernos sistemas de videoconferência em
tempo real para uma grande quantidade de pessoas em diversos espaços
(telepresencial). O espaço físico-geográfico foi suprimido pela nova
configuração espaço-tempo. Configuração estabelecida entre fios, cabos wireless
e satélites.
Para
Matos et al (2010, p. 47) “hoje o
tempo e espaço ganham outra dimensão, ampliam-se os conceitos e possibilidades
e o homem adquire liberdade para administrá-los conforme suas necessidades”. A
distância geográfica já não representa um entrave na construção do conhecimento,
pelo contrário, possibilita relações diversas.
Quem
é o outro é alguém que sabe. E quem sabe as coisas que eu não sei. O outro não
é mais um ser assustador, ameaçador: como eu, ele ignora bastante e domina alguns
conhecimentos. Mas como nossas zonas de inexperiência não se justapõem ele
representa uma fonte possível de enriquecimentos de meus próprios saberes. Ele
pode aumentar meu potencial de ser (LÉVY, 2007, p.27).
A
informática permite conexão com o mundo. Para a comunicação não existem mais
barreiras, nem tão pouco para o conhecimento, que é o que nos move
incessantemente. Nesse frenesi atuamos melhor quando juntos do que separados, pois
o conhecimento de um constrói o saber do outro onde o diálogo é a fonte da
aprendizagem mútua e ninguém jamais saberá de tudo, uma vez que o saber é
dinâmico e subjetivo. Nos ambientes virtuais, quanto mais numerosos são os participantes,
ou seja, a coletividade aos quais se une/conecte um indivíduo, mais
oportunidades o têm de diversificar seus saberes e fomentar uma inteligência
que pertença ao coletivo. Assim, é possível “reinventar o laço social em torno
do aprendizado recíproco” (LÉVY, 2007, p. 26).
A
tecnologia está a serviço da educação na prática do docente e do discente e nas
relações estabelecidas entre esses dois construtores da ação educativa. A era
digital inaugurou para eles possibilidades diversas de fazer de suas atividades
elos com todo o mundo. As ferramentas tecnológicas para a prática docente permitem
uma interação maior com o aluno e proporcionam ao professor possibilidades de
fazer uma educação contextualizada com a realidade.
Os
equipamentos de multimídia fornecem ao professor facilidades na mediação do
conhecimento, pois tais aparelhos favorecem uma conexão de som, imagem, escrita
e leitura e que integrados à internet possibilitam uma variedade de
conhecimentos úteis, construção de novos posicionamentos a respeito de variados
assuntos e a interação/contato com outras pessoas distanciadas pelo território geográfico.
No espaço da internet há uma nova configuração espacial-temporal e o tratamento
da informação é em tempo real.
Essa transposição de fronteiras proporcionada
pela internet cria possibilidades das pessoas manterem contato umas com as
outras conforme suas necessidades, diminuindo as distâncias que impediam a
comunicação. Segundo Lévy (2007, p. 14) as distâncias geográfica/territorial já
não é um motivo para a não interação social, pois, “mexer-se não é mais deslocar-se
de um ponto a outro da superfície terrestre”. A conexão generalizada
materializa-se nas relações entre as pessoas, configurando novas formas de
sociabilidade. Assim sendo, e como afirma Lévy (2011, p.19):
A
internet tem aumentado consideravelmente nossos processos cognitivos individuais
e coletivos, através do acesso a uma riqueza de dados multimídia em tempo real,
multiplicando dessa forma nossa percepção e nossa memória.
A
importância da internet, da informática e da educação permeada pelas
tecnologias é indiscutível em nossa realidade sócio-educacional e cultural. Apesar
dessa discussão fugir do objetivo principal do trabalho proposto, cabe ressaltar
que muitas pessoas acreditam que apesar da utilidade e dinamicidade na
construção e facilitação do acesso ao conhecimento (fomentado pelas novas
tecnologias e os meios de interação mediados pela virtualização), nada
substitui o contato humano. Acreditam na internet e todas as suas
possibilidades à educação principalmente ao permitir o conhecimento partilhado
entre diversas pessoas, mas defendem que a relação humana é insubstituível em
qualquer circunstância educativa, principalmente na educação formal.
Vale
destacar que as práticas contemporâneas de informação e comunicação não anularam
as práticas tradicionais, mas sim, as reconfiguraram. Dessa forma, as atuais
práticas são consequências de outras muitas vezes consideradas como antigas e
defasadas. Isso significa dizer que pertencem ao mesmo objetivo prático.
As
conferências simultâneas, as salas de bate papos, os ambientes virtuais de aprendizagem,
os e-mails, as mensagens instantâneas, dentre outras possibilidades, se
tornaram importantes nas resoluções de problemas e adoção de medidas, desde as
relações pessoais, passando pela vida social até a vida profissional. Com o surgimento
da multimídia a forma de agir do homem/mulher foi se alterando. Através da informação,
da comunicação e interação social chegou ao que temos hoje: uma cultura da informação
e comunicação circunscrita no ambiente da informática e da tecnologia regida
pela linguagem intelectual.
2.1 O Acesso as Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) e a Exclusão Digital
Apesar
de podermos contar com os grandes benefícios da internet e os sistemas de
informação e comunicação modernos, essa possibilidade de acesso ainda
representa uma apartheid entre os conectados e os não conectados, ou melhor,
entre os que podem e os que não podem se conectar ao mundo virtual da internet
e outras tecnologias. Isso porque o acesso não uniformizado, assim como tantas
outras necessidades, inclusive a educação, fomenta uma separação que está vinculada
às questões sociais, econômicas, culturais e políticas. O acesso às novas TIC
está em grande parte relacionado com a desigualdade social baseada no acesso a
poucos e na ilusão do acesso a muitos.
A
sociedade imediatista, apesar de criar mecanismos que possibilitam a
comunicação eficaz e indispensável para nossas necessidades, faz separações excludentes.
A exclusão digital não é um fato isolado no Brasil, uma vez que há tantas
outras exclusões que repercutem e são repercutidas no acesso as novas
Tecnologias de Informação e Comunicação. Para compreender nossa época
precisamos discutir acerca dessas novas tecnologias e do acesso as mesmas, pois
interferem nas novas formas de relações sociais.
O acesso garantido a todos aos novos
mecanismos de comunicação social é essencial para a apropriação social das
novas TIC, posto que, todo conhecimento, como assegura Boneti et al (2010, p. 17), “é uma construção
social”. Pondera ainda que “não é possível produzir experiências, saberes e
conhecimentos na individualidade, isso se dá num contexto de relações sociais,
no contexto da construção material e social da vida” (2010, p. 17). Portanto, é
justo que o conhecimento que é produzido no social, sirva ao social.
Para
Barreto (2010, p. 39) a TIC surgiu “como elemento potencializador da compreensão
de que a cidadania deve ser exercida por meio da participação efetiva de todos
os segmentos sociais conforme contemplado na Constituição Federal de 1988”.
A
partir dos objetivos diversos e das necessidades de cada pessoa, constituiu-se mundos
virtuais para a troca, socialização e produção de conhecimento. A cibercultura
é um bom exemplo de espaço contemporâneo para a construção de uma imensa, como
diria Lévy (2007, p. 12), “enciclopédia viva”. Tal definição faz jus ao
movimento de como as mudanças ocorrem na cibercultura, pois nessa cultura
regida pelas tecnologias digitais, cada construção está sujeita a mudanças a
qualquer momento, uma vez que os sujeitos que a constrói tem total liberdade de
disseminar o conhecimento acerca de variados temas e assuntos em um movimento
de opiniões de forma ativa e mutante. Esse espaço pressupõe a construção do
conhecimento que é social.
No
entanto, a realidade educacional ainda é muito aquém desse ideal.
Sabe-se
ainda quão é ideológico, político e economicamente distante o acesso e a
participação da ampla maioria da sociedade aos meios e recursos tecnológicos e educacionais
– escola com computadores ligados a internet, centro de formação política e
social. Estes, por sua vez, levariam a sociedade brasileira alijada dos
processos tecnológicos e informacionais ora elementares, a terem condições de
fazer o enfrentamento das desigualdades sociais, políticas e econômicas ao
mesmo tempo em que fariam à sua maneira, a transformação de suas realidades por
meio da solidificação de redes sociais sustentadas no pluralismo e dinâmica de
suas comunidades. (BARRETO, 2010, p. 40).
O
mundo mudou e continua a mudança, apesar dos grandes avanços que tardia em
efetuar, seguindo o ritmo das transformações ininterruptas e aceleradas da
técnica, e por que não dizer da ciência e seus profissionais e das mentes dos
sujeitos do ambiente social. Tais mudanças interferiram e interferem espontaneamente
na dinâmica da sociedade e nas transformações dos próprios sujeitos sociais,
tornando-se um círculo permanente.
As
transformações que presenciamos na atualidade é consequência de um processo
longínquo. Para Waiselfisz (2007, p.13) as mudanças provocadas pelas
tecnologias e velocidade na sua transformação “vem acontecendo ao longo de toda
a história humana, desde a transição da pedra lascada à pedra polida – do
paleolítico ao neolítico – até a fundamentação das várias evoluções
industriais...”.
O
homem e a mulher sempre descobriram, criaram e transformaram tecnologias que
representaram soluções para diversas atividades desempenhadas por ele/ela. Somos
seres do pensar, do inventar e do saber. Podemos citar várias dessas, como por
exemplo, o descobrimento do fogo que serviu e serve para variados fins, da pele
para agasalho, da pedra para perfurar e descascar, da organização em grupos
para proteção contra as ameaças, da construção de ocas/casas, da criação de
animais, do plantio de ervas e alimentos etc.
Entretanto
é importante ressaltar o descobrimento da escrita, pois se trata da maior
tecnologia e linguagem criada pelo homem/mulher que modificou a comunicação e
que hoje faz parte de qualquer atividade humana. O ser humano é um ser
essencialmente social e a escrita está inserida nas relações humanas enquanto linguagem
entremeada de significados. Através da escrita o ser humano pode desenvolver as
transformações que hoje fazem parte do dia-a-dia de cada pessoa. Foi a partir
dessa tecnologia que tantas outras vieram a existir.
2.1.1 A Cultura Humana da Comunicação e Informação
no Ciberespaço
Por
meio da escrita a língua foi constituída e com ela a humanidade se organizou em
grupos de pertença /cultura/territorialização. O espaço da cibercultura,
construído pelo sujeito do conhecimento, é além da escrita, espaço de leitura,
ou seja, espaço que pressupõe participação democrática de todos os sujeitos e
não como tantas outras tecnologias da informação e comunicação que é detida
pelo poder de um membro ou grupos individualizados, cuja ideologia é alheia à
maioria. Tal ação ativa amplia a leitura e o compartilhamento de conhecimentos
entre inúmeras pessoas pertencentes a grupos diversos. Ou seja, esse espaço tem
um alcance qualitativo para construção e a administração do conhecimento, que
pertence a todos.
Podemos
citar o hipertexto, que é bastante utilizado na cibercultura e, consolida o uso
de leitura e amplia o alcance da mesma. Tal documento é construído e
enriquecido em tempo real por uma comunidade de autores e leitores conectados a
uma mesma rede. O espaço do saber centra-se na valorização do humano em sua
diversidade, por meio de uma ação democrática de participação, apesar da
contradição que existe, haja visto que nenhuma mídia é totalmente universal.
Para
Lévy (2007, p. 11) é no espaço do saber (o ciberespaço) que “todo elemento da
informação encontra-se em contato virtual com todos e com cada”. Pode-se está
em vários lugares ao mesmo tempo, assim para esse autor, voltamos à condição de
nômade sob a constante mutação a qual participamos nesse espaço, ou seja, “transformação
contínua e rápida das paisagens científica, técnica, econômica, profissional,
mental” (LÉVY, 2007, p.14). Ciberespaço é ambiente para troca de saberes.
Sob
o aspecto econômico, o espaço para a troca de saberes é, inclusive, vital para
a economia, uma vez que proporciona as redes de produção e de comércio a troca
de informações, além da flexibilização e da inovação através de um espaço
dinâmico e veloz. Agilidade é dinheiro no cenário econômico mundial. Nesse
panorama a empresa, junto a outras instituições, como afirma Lévy (2007, p. 21)
“acolhe e constrói subjetividades”. Para ele “a produção contínua de
subjetividades será a principal atividade econômica” (p.21).
Desse
modo, as informações necessárias de um grupo de pessoas cada uma com seus
objetivos, desejos, apreensões, necessidades, etc. é fundamental no processo
econômico. Isso é muito presente quando tomamos como exemplo a diversidade de
produtos e serviços que temos atualmente no mercado para um mesmo fim
obedecendo a detalhes que são aparentemente supérfluos, mas que passaram por
escolhas individuais de consumidores diversos com suas necessidades múltiplas. Como
essa ferramenta proporciona a filtragem de informação sob diversos aspectos, as
informações se tornam navegáveis obedecendo a existência dos diversos interesses
subjetivos.
O
espaço do conhecimento tornou-se virtual ao ritmo da velocidade e visibilidade
da evolução dos saberes. Consequentemente, esses saberes, interferem na vida
cotidiana das pessoas a partir das transformações que levam o coletivo a se
adaptar, aprender e reinventar para viver melhor em um universo marcado por
emaranhados de subjetividades. A humanidade adotou como convenção que a
tecnologia é um sistema de proximidade com as técnicas, com as significações, com
as representações, com as linguagens, com a cultura e as emoções humanas.
A
informática nesse contexto é a infra-estrutura, ou seja, o meio técnico, para
os coletivos no espaço do conhecimento. Dessa forma, o papel da informática,
assim como de outras técnicas da comunicação, é a construção dos coletivos
inteligentes na promoção de conhecimentos e potencialidades mútuas.
Vivemos
em um momento para além das mídias, através do uso de técnicas de comunicação
que filtram o caminho de conhecimento e proporcionam o navegar no saber/tecnologia
sob a égide do pensamento recíproco e não meramente no acúmulo de informações,
apesar da existência de uma gama de espaços com o intuito e utilidade apenas de
transmissão. Ao contrário da função das mídias que objetivam fixar, reproduzir,
difundir e descontextualizar as mensagens, todo o arquétipo do ciberespaço está
muito além da capacidade de transmissão. Esse espaço incita e reinventa a
relação social em torno do aprendizado, da cooperação, da inteligência e
imaginação, dialogando com as subjetividades e alimentando a sociabilidade do
conhecimento. A ação de comunicação humana sempre implica em aprendizado.
Esse
aprendizado está sustentado na medida em que uma pessoa domina conhecimentos
que outra não domina e a recíproca é verdadeira. De modo que aquele que sabe as
coisas que esse não sabe, representa uma oportunidade para o enriquecimento dos
saberes de ambos. Relacionando isso a educação escolar, podemos citar como
exemplo o papel do professor como o mediador entre o conhecimento e o aluno. O
conhecimento do professor representa uma oportunidade ao aprendiz de
desenvolvimento, e novamente a recíproca é verídica. Nisso entra a necessidade
do compromisso político do professor enquanto elo essencial da prática
educativa.
No
ambiente das tecnologias a ligação entre o conhecimento e os sujeitos do conhecimento
são os próprios sujeitos do conhecimento e a inteligência do grupo. Através dos
mundos virtuais podemos pensar harmonicamente e produzir novas perspectivas em
torno do conhecimento. A inteligência em grupo está presente e distribuída em
toda parte, pois os saberes são o que as pessoas sabem. No ciberespaço essa inteligência
em tempo real resulta em mobilização de competências do coletivo, ou seja, as
competências em suas diversidades e, conseguinte, a identidade social de cada
indivíduo.
2.2 A Busca por uma Inteligência Coletiva no
Ambiente das Tecnologias
A
internet possibilita várias ações simultâneas, como leitura, escrita, imagem, som
e interação. Atualmente a “moda” é a participação de pessoas em redes sociais e
grupos diversos. Entretanto, o que se percebe a olhos nus é que a grande
procura por redes sociais e comunidades está baseada, em sua boa maioria, no
gosto que as pessoas têm pela vida alheia e pela apelação na busca pela
aparência. A subordinação dos indivíduos
a certas redes e comunidades e a ideologia da ostentação da inclusão em um meio
que supõe status, leva uma dependência baseada em fetiches a uma pessoa ou a um
grupo delas. Para Lévy (2007, p.28) “a base e o objetivo da inteligência
coletiva são: o reconhecimento e enriquecimento mútuos das pessoas, e não o culto
de comunidades fetichadas ou hipostasiadas”.
Outra
situação bastante agravada é a exposição ao extremo da vida pessoal e íntima
das pessoas, além do apelo à sexualidade e pornografias. Condutas antiéticas e
antimorais são corriqueiras nos ambientes virtuais da internet. Sem um ideal de
uso baseado na busca por conhecimentos e a produção do que defendemos até então
de uma cultura de construção de uma inteligência que ao extrapor os limites
geográficos e sociais, pertença a um coletivo consciente do seu papel de
agentes transformadores das realidades diversas de cada membro, a grande parte
dos usuários objetiva meramente se mostrar, numa busca desenfreada pela exposição
da interioridade.
A
busca pelo conhecimento, o compromisso com a ética, a busca pela cultura, por
novos horizontes e a colaboração com uma inteligência que pertença ao social,
passa longe do interesse da maioria das pessoas que utilizam a internet diariamente.
Pessoas que têm milhões de “seguidores” e não cooparticipadores. Lévy (2007, p.
18) acredita que “se as nossas sociedades se contentarem em ser
inteligentemente dirigidas, com certeza falharão em seus objetivos. Para ter
alguma chance de viverem melhor, elas devem se tornar inteligentes na massa”.
3.0 Considerações Finais
A
era digital instituiu mudanças significativas em nosso modo de viver, pensar,
agir e interagir. As tecnologias de informação e comunicação são renovadas em
um tempo cada vez mais curto e transformam nossas necessidades. Somos fruto e
elaboradores de uma sociedade efêmera por mudanças. Todavia, a transitoriedade
presente nos meios das tecnologias digitais contribui para a exclusão daqueles
que não detém a possibilidade e garantia do acesso às mudanças, ou seja, as
vítimas da negação ao acesso aos bens construídos pelo e no social.
Que
as nossas sociedades estão mudando de forma muito veloz, principalmente nas
últimas décadas, já é entendimento amplamente reconhecido, divulgado e aceito.
Podem existir divergências quanto ao alcance, a velocidade, o significado, as
perspectivas, os impasses e os impactos dessas mudanças em nossas vidas e na
vida das sociedades. (WAISELFISZ, 2007, P.13).
Como
dito anteriormente, em nossa realidade sociocultural as crianças já nascem inseridas
no ambiente virtual (nativos digitais). Dessa forma já possuem desde muito cedo
a capacidade mínima para navegar na internet e utilizar outros meios de
comunicação e informação. Inclusive, dominam desde cedo muitas das formas de
comunicação de forma rápida e eficaz. Desse modo, tais ferramentas já se fazem
presentes na educação para crianças, ou seja, assessoram alunos e professores
desde a educação infantil.
As
tecnologias são ótimas metodologias para a alfabetização, desde que bem empregadas.
Atualmente o acesso a tais tecnologias está associado a muitos benefícios
sociais, econômicos e culturais. No entanto, poucas instituições de educação,
em especial as públicas, oferecem aos alunos e professores oportunidades de
acesso a esses bens construídos pelo e no social.
O
processo criador no ambiente do espaço do saber contemporâneo (o ciberespaço) é
a conexão com o conhecimento criado e recriado por mentes de diversas pessoas
em diversos espaços e tempos. O espaço do saber mediado pelas tecnologias
sempre existiu ao potencial latente do homem/mulher, pois são os seres humanos
que sonham, pensam, agem. Esse espaço já se faz pressente por meio de cérebros
conectados a outros cérebros. Assim, são experimentados todos os dias, pois
nascem das interações ininterruptas entre as pessoas. Desse modo, o espaço do
saber deve ser acessível a todos independente das diferenças entre as pessoas e
os seus meios de sociabilidade, até por que são essas diferenças que
possibilitam a esse espaço a diversidade de experiências e conhecimentos.
A
garantia do acesso de todos aos meios tecnológicos de comunicação e informação
social é essencial na construção da cidadania e da democracia. A apropriação às
novas tecnologias de informação e comunicação significa a garantia de fomentar,
inclusive, reestruturação social e econômica tendo como parâmetro as exigências
sociais, econômicas e culturais vigentes. É necessário pensar na tecnologia
como instrumento potencializador da prática docente, ao passo que as escolas
precisam também potencializar esse mecanismo de construção do saber.
Os
variados espaços de construção do conhecimento devem ser apreciados, estimulados
e empregados na educação oferecida a todas as classes sociais. A internet e as
novas TIC devem está ao alcance de todos uniformemente dentro das instituições
escolares, tradicional espaço para a construção e disseminação do saber. Não
basta que seja possibilitado na escola o contato com computadores e internet,
quando não se garante a funcionários, professores e alunos o conhecimento em
manejar e utilizar esses mecanismos para que recriem formas de fomentar um diálogo
entre diferentes realidades, culturas e conhecimentos.
4.0 Referências
BARRETO,
Robério Pereira. Tecnologias da Informação e Comunicação e Políticas Públicas: aproximação possível (p.39 – 59). In: BONETI, Lindomar
Wessler [et al]. Inclusão Sociodigital: da teoria à prática. Curitiba, PR: Imprensa
Oficial, 2010
BONETI,
Lindomar Wessler et al. Inclusão Social: considerações
teóricas e metodológicas (p. 13 – 23). In: BONETI, Lindomar Wessler [et al]. Inclusão Sociodigital: da teoria à prática. Curitiba, PR: Imprensa
Oficial, 2010.
GOMES,
Alex Sandro [et al].Colaboração, Comunicação e Aprendizagem
em Rede Social Educativa. In: XAVIER, Antonio Carlos [et al.]. Hipertexto e
Cibercultura: links com a literatura, publicidade, plágio e redes sociais.
São Paulo: Respel, 2011.
LÉVY,
Pierre. A Inteligência Coletiva: por uma
antropologia do ciberespaço. Tradução Luiz Paulo Rouanet. 5ª edição. São
Paulo: Edições Loyola. 2007.
________.
Do Hipertexto Opaco ao Hipertexto Transparente. In: XAVIER, Antonio Carlos [et al.]. Hipertexto e Cibercultura: links com a literatura, publicidade, plágio
e redes sociais. São Paulo: Respel, 2011.
MATOS,
Elizete Lúcia Moreira. Professor, Educação, Sociedade e a Inclusão das Redes Sociais (p.47 – 59). In: BONETI, Lindomar
Wessler [et al]. Inclusão Sociodigital: da teoria à prática. Curitiba, PR: Imprensa
Oficial, 2010
WAISELFISZ,
Julio Jacobo. Lápis, Borracha e Teclado:
tecnologia da informação na educação.
Brasília: RITLA/ Instituto Sangari/ MEC.2007.